domingo, 2 de março de 2008

Sentimentos



Gostava de por em palavras tudo o que sinto. Mas as minhas poucas palavras não chegam.
Podia dizer " Desaparece da minha existência", ou "Não me sigas, não quero saber mais de ti. Não me mereceste nunca, eu é que entendi tarde de mais...". Mas em tudo o que possa escrever, irá faltar sempre alguma coisa.
O sentimento é algo que não se consegue sintentizar em palavras, frases ou versos. O sentimento, sente-se...apenas e só... E é muito dificil partilha-lo.
É algo que, para bem ou para mal, é apenas nosso e não sai de lá quando queremos. Ele vem sem avisar, entra sem bater à porta, deixa-nos bem ou mal ou algures entre os dois e sai, sem dizer nada, muito devagar ou num piscar de olhos.
Seja como for, gostava de poder partilhar com o mundo tudo o que sinto neste momento, mas não posso. São os meus sentimentos e mais ninguém os pode sentir por mim.
Talvez, e só talvez, o que mais se aproxime do sentimento humano seja a poesia. E talvez, de toda a poesia que conheço, seja este o poema que mais se parece ao que eu sinto.




Puedo escribir los versos más tristes...
(Pablo Neruda)

Puedo escribir los versos más triste esta noche.

Escribir, por ejemplo: "La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos".

El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Puedo escribir los versos más triste esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
¡La besé tantas veces bajo el cielo infinito!
Ella me quiso, a veces yo también la quería.
¡Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos!

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.

Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.

Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.

La misma noche que hace blanquear los mismos
árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto, ¡pero cuánto la quise!
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como ésta, la tuve entre mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.

Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y estos sean los últimos versos que yo le escribo.

Imagem - Old guitarist
Pablo Picasso 1903 - 1904

3 comentários:

Anônimo disse...

Confesso que fiquei sem palavras. É tão profundo o que escreves... e tão íntimo ao mesmo tempo.
E Pablo Neruda será sempre o meu poeta de eleição.

Borga disse...

Obrigado=D
Hoje senti-me assim... Acho que nao vale a pena contar as razões... São sentimentos como disse=)

Beijos=)

Costa disse...

não me posso pronunciar porque sou um individuo suspeito, certo borga? como acredito nos filosofos racionais (e nao nos empiricos), os sentimentos enganam sempre as pessoas para mim. so geram confusao... para mim qualquer expressao excessiva de que sentimento for é nociva. e como racional que sou, ha sempre uma causa-efeito lógica sempre por tras. mas para nao causar impressao nao vou expor 100% do meu ponto de vista porque claro está, muitos me chamariam de radical.