domingo, 16 de março de 2008

Meia laranja


Diz-se que passamos a nossa vida à procura da nossa meia laranja. Aquela pessoa que, por alguma razão alheia a toda a razão, nos foi destinada mesmo antes de nascermos.
E pensamos que essa pessoa é a que nos vai trazer felicidade eterna, que nos vai mostrar cores e cheiros e sabores que nunca antes tinhamos sentido.
E quando não encontramos essa pessoa, resignamo-nos a pensar que não tivemos a sorte de a encontrar, e que no fundo ficamos incompletos.

Pois bem, eu acho que isto é a forma mais errada de se viver a vida.
Desculpem-me a honestidade, mas é o que eu penso.
Nós não somos meias laranjas. Somos uma laranja já completa, com capacidade de amar, sofrer, mudar... O que nós procuramos na verdade é uma companhia para essa viagem que é a vida.
Procuramos alguem que nos entenda, que faça que o nosso melhor venha acima, que nos faça sentir bem. E notem, eu digo bem e não completos.
Afinal, se nós não somos completos sem a tal pessoa, como é que a vamos poder amar? Como é que vamos dar tudo o que temos, se tudo o que temos é metade do que somos?
O melhor é mesmo viver a vida sem pensar nestas buscas épicas que nos podem deixar muito maltratados psicologicamente. Eventualmente, iremos tropeçar com alguém que está a fazer o mesmo caminho que nós, e aí já não estaremos sós na caminhada.

Ninguém caminha por nós. Não podemos caminhar por ninguém. Apenas acompanhar e ser acompanhado por alguém!

Imagem - Chile
Autor desconhecido.

domingo, 9 de março de 2008

Paixão



Começa com um olhar, ou um toque, ou por alguma razão inexplicavel.
Todo o nosso ser estremece: corpo, mente, alma.
O coração dispára, tudo o resto pára.
Neste momento, qualquer tentativa de resistência é inútil, pois o que nos move já não é a razão... É algo que apenas existe, que faz parte de nós e que não dá para explicar.
Os olhos tornam-se acessórios; o essencial é-lhes invisível.
O tempo pára. Apenas existe o agora, e é tudo o que nos importa.
Apenas aquela pessoa faz sentido neste instante eterno; maravilhamo-nos com o doce som da voz, a profundidade do olhar que parece tocar-nos a alma, a textura da pele, a forma do rosto, do cabelo, do corpo...
E, de repente, fechamos os olhos e ela, a pessoa que abalou os alicerces do nosso ser, ainda está lá. Como num sonho daqueles que nos fazem não querer acordar nunca.
E deixamos que se torne um habitante da nossa mente. Começa a estar sempre presente: acordamos e ela ali está, adormecemos e ela não nos deixa.
Desesperamos. Desejamos tanto e não temos. Tentamos ter e não conseguimos ter coragem para conquistar.
É então que, finalmente, um pensamento nos assalta a mente com a força ribombante de um trovão: "Tudo isso que sentes... é paixão"

terça-feira, 4 de março de 2008

Razões para sermos optimistas by Larry Brilliant


Apesar de todos esses documentários e artigos cientificos alarmistas acerca do estado do nosso Mundo, acho absolutamente revigorante ouvir algém que se atreve a dizer que ainda há esperança para a humanidade!

Larry Brilliant é realmente uma pessoa brilhante:
Fez parte da World Health Organization's eradication project, que erradicou a varíola do planeta. Conta-se até que assistiu pessoalmente à cura da última pessoa infectada com o vírus.
Fundou a Seva Foundation que curou mais de dois milhões de pessoas no mundo da cegueira, em 15 países.
Hoje é director executivo do braço filantropico do Google, google.org.

E como é que alguém consegue ser optimista em relação ao futuro da Humanidade?
Bem... Larry Brilliant acredita que, assim como a humanidade pode fazer coisas horrendas, também é imbativel a resolver os problemas quando se propôe a unir esforços.

É um bocado grande o video mas, acreditem, vale a pena!

Fontes:
youtube
Ted
Jornal Destak

domingo, 2 de março de 2008

Sentimentos



Gostava de por em palavras tudo o que sinto. Mas as minhas poucas palavras não chegam.
Podia dizer " Desaparece da minha existência", ou "Não me sigas, não quero saber mais de ti. Não me mereceste nunca, eu é que entendi tarde de mais...". Mas em tudo o que possa escrever, irá faltar sempre alguma coisa.
O sentimento é algo que não se consegue sintentizar em palavras, frases ou versos. O sentimento, sente-se...apenas e só... E é muito dificil partilha-lo.
É algo que, para bem ou para mal, é apenas nosso e não sai de lá quando queremos. Ele vem sem avisar, entra sem bater à porta, deixa-nos bem ou mal ou algures entre os dois e sai, sem dizer nada, muito devagar ou num piscar de olhos.
Seja como for, gostava de poder partilhar com o mundo tudo o que sinto neste momento, mas não posso. São os meus sentimentos e mais ninguém os pode sentir por mim.
Talvez, e só talvez, o que mais se aproxime do sentimento humano seja a poesia. E talvez, de toda a poesia que conheço, seja este o poema que mais se parece ao que eu sinto.




Puedo escribir los versos más tristes...
(Pablo Neruda)

Puedo escribir los versos más triste esta noche.

Escribir, por ejemplo: "La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos".

El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Puedo escribir los versos más triste esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
¡La besé tantas veces bajo el cielo infinito!
Ella me quiso, a veces yo también la quería.
¡Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos!

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.

Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.

Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.

La misma noche que hace blanquear los mismos
árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto, ¡pero cuánto la quise!
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como ésta, la tuve entre mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.

Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y estos sean los últimos versos que yo le escribo.

Imagem - Old guitarist
Pablo Picasso 1903 - 1904